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Brasil na lista dos dez maiores riscos globais em 2016



BRASÍLIA  -  A consultoria Eurasia Group apontou o aprofundamento da crise política e econômica no Brasil como um dos dez maiores riscos geopolíticos do mundo em 2016. O futuro imediato do país figura ao lado de outros elementos de incerteza na lista dos “top risks” nos próximos meses, como a possibilidade de desestabilização na Arábia Saudita e o crescimento das pressões por uma Europa menos integrada, segundo relatório anual da Eurasia que foi divulgado nesta segunda-feira.
Na avaliação da consultoria, ainda “parece provável” que a presidente Dilma Rousseff escape do impeachment, mas o governo não retomará o impulso político necessário para dar rumo às reformas econômicas e atacar o déficit fiscal crescente. “Para assegurar o apoio de que ela precisa no Congresso para barrar o processo de impeachment, Rousseff terá de fazer concessões à sua base de esquerda. Essas aberturas vão enfraquecer sua agenda fiscal”, diz o texto.
Assinado por Ian Bremmer, presidente da Eurasia, o relatório lembra a substituição do “ortodoxo” Joaquim Levy pelo “menos fiscalmente conservador” Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda. Também prevê a continuidade da mobilização de “um grande segmento” do PMDB contra o governo. Aponta ainda que a presidente continuará vulnerável aos desdobramentos da Operação Lava-Jato. “Se Rousseff continuar no poder, ela ficará crescentemente prisioneira dos elementos radicais de seu partido e estancada por um Congresso ainda mais antagônico, levando à paralisia política”.
A consultoria também se mostra preocupada como um eventual governo do vice-presidente Michel Temer. Esse cenário alternativo poderia se beneficiar de uma “onda inicial de otimismo do setor privado” e o novo presidente conclamaria uma união nacional, contando pelo menos com o apoio tácito do PSDB, o que lhe permitiria propor reformas estruturais na economia.
No entanto, segundo a Eurasia, Temer tem as suas próprias vulnerabilidades: o cerco da Lava-Jato sobre o PMDB se fechará mais e diminuiria os incentivos dos tucanos para ceder apoio ao novo governo. Além disso, ele teria que lidar com uma base do PT “ansiosa por fazê-lo pagar pela queda de Rousseff e por expressar seu descontentamento com sua agenda neoliberal”.
Ao terminar sua análise sobre o Brasil, a consultoria indica o que seria a saída “paradoxalmente mais limpa” da crise política: a cassação do diploma presidencial de Dilma pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Se o tribunal encontrar evidência de financiamento ilícito de campanha, pode convocar novas eleições em 90 dias. Embora improvável, tal desdobramento teria o benefício de empossar um presidente eleito armado com uma renovada legitimidade política".
A Eurasia faz questão de afirmar, porém, que não aposta nesse cenário e vê um agravamento da crise em 2016.

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